O primeiro passo para se combater o preconceito lingüístico no Brasil é admitir a sua existência, pois ao contrario dos outros tipos de preconceito, como a descriminação por opção sexual, cor e sexo, ele é invisível aos olhos da sociedade, é como se ele não existisse, já os outros preconceitos são enquadrados dentro dos “politicamente incorretos”,e são muito combatidos.
As escolas deveriam abordar mais nesse tema, pois muitas crianças, mesmo sem saber, acabam ironizando os colegas que falam “errado”, e alem de serem preconceituosas acabam fazendo bullyng com eles.
Outra forma de combate é a desmistificação de alguns mitos no Brasil, que reforçam o preconceito lingüístico, tais como:
· Por ser uma língua trazida de Portugal só os portugueses sabem falar bem e que o português falado lá é uma língua mais correta, o que na verdade é um conceito totalmente errado, pois a diferença notada entre os dois países ocorre porque no Brasil houve a construção de uma identidade própria desde a independência e assim as línguas evoluíram de modo diferente.
· Existe uma unidade linguística no Brasil. Esse mito é facilmente desmentido por várias razões que vão desde a desigualdade social, os vícios de linguagem, o local onde a pessoa é criada e vários outros pequenos e grandes fatores que fazem existir uma grande variedade linguistica no Brasil.
· O domínio da norma padrão é um instrumento de ascensão social. Esse mito chega a ser absurdo, pelo simples exemplo de que os professores de português, que devem saber mais do que ninguém a norma padrão, são pouco valorizados na sociedade e recebem baixos salários, enquanto um grande fazendeiro, que tenha apenas alguns anos de ensino primário, mas seja dono de milhares de cabeças de gado e tenha influência política, pode falar português da forma que quiser pois sua posição social está garantida por outros meios
· É preciso saber gramática para falar e escrever bem. É difícil encontrar alguém que não concorde com essa frase, mas se isso fosse verdade todos os gramáticos seriam bons escritores e os bons escritores seriam especialistas em gramática, o que não é verdade tomados os exemplos de alguns grandes escritores como: Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Rubem Braga.
Esses e outros mitos são utilizados por pessoas que defendem o uso do português da norma culta no dia a dia, essas pessoas também temem que, pelo amplo uso das variedades lingüísticas e o desuso dos padrões estabelecidos pela gramática, a língua portuguesa entre em decadência, visto que as variedades, em geral, têm mais proximidade com os jovens, independente de sua classe social